Por: Thiago Adamo
Rocket Fist é um jogo da Bitten Toast, onde eu tive o prazer de participar criando as músicas e efeitos sonoros. Ao total foram mais de 20 músicas e muito trabalho, mas valeu a pena o resultado! A trilha sonora foi elogiada por sites como Estadão, Mundo Nintendo e muitos outros! Por isso hoje eu vou dissecar uma das músicas da trilha com você, a Punch Barry!
Minhas Influências
A Punch Barry foi escolhida para estar no multiplayer do Rocket Fist, uma área onde as músicas são sorteadas randomicamente para diferentes mapas para o Party Game. O nome da música veio de um mestre que é uma inspiração para mim Barry Leich, compositor de Top Gear, Horizon Chase e muitas outras trilhas. Eu conheço o Barry Leich, já fiz alguns vídeos com ele, por isso, como forma de homenagem, uma parte da música tem um arpejo inspirado nas músicas dele.
Esse arpejo foi muito inspirado nas músicas do Barry porque muitas de suas músicas ficaram conhecidas por seus arpejos inesquecíveis e uma melodia marcante, que eu também implementei ao usar duas melodias trabalhando para dar o feeling de música de games.
A base da música é inspirada no Future House. Sabe o que é? É um estilo de House famoso que ficou muito popular na época de 2015/2016, época onde eu compus a música. Ele é uma mistura de Deep House, contando com a base do House, melodias saturadas e um baixo inspirado em techno. Para falar de dois grandes músicos desse estilo nós ainda podemos citar o Oliver Heldens e o Don Diablo.
Se você ainda ta meio perdido no assunto, veja o vídeo onde eu explico minhas influências aqui abaixo e escute a música que você vai entender!
Como eu criei a harmonia?
A primeira coisa que eu fiz quando estava criando Punch Barry, foi a progressão de acordes. Essa progressão começa com Cm, Gm e Fm, progressão que se repete mais uma vez e finaliza com Eb, Fm, Cm, Fm e se resolve em D#2. Essa progressão de acordes está dentro da escala de Cm, mas com um diferencial: o D#2 ou ré sustenido suspenso!
Na verdade esse acorde veio meio que sem querer. Eu estava tocando no teclado e em uma das vezes eu errei o acorde final que virou um D#2 e acabou ficando melhor que o resultado que eu tinha pensado!
Eu originalmente tinha pensado em fazer a conclusão com o acorde de Eb (notas Eb, G, Bb) mas acabou que ficou muito mais interessante com o ré sustenido suspenso, então eu mantive e nasceu uma das coisas mais legais da progressão harmônica de Punch Barry!
Acontece que o D#2 é um acorde que susbtitui outro acorde, ele é basicamente o acorde de Eb (Eb, G, Bb) mas com uma das notas trocadas (acorde de D#2 -> D#, F, A#) e ele acabou encaixando na função que eu precisava: não resolver a música mas dar a sensação de ligação com o que vem depois! Além disso, o acorde anterior ao D#2 é um Fm, isso quer dizer que a nota Fa se mantém entre um acorde e o outro, fazendo com que a dissonância do ré sustenido suspenso seja mais suave e mais natural para o ouvinte.
Nesse vídeo linkado abaixo eu explico, com a ajuda do Rodrigo Faleiros, por quê esse acorde acabou casando tão bem com o final da melodia e por quê eu acabei deixando ele na progressão final.
Agora vamos falar sobre a melodia! Os arpejos de Punch Barry não foram criados apenas para fazer homenagem ao Barry Leitch, óbvio. Eu também queria criar uma linha de arpejos que desse movimento à música, reforçando a gameplay do Rocket Fist que não é nem um pouco parada.
Esses arpejos eu criei através do Arpeggiator do Ableton Live, partindo da base da mesma progressão de acordes que eu tinha criado antes, e dei o toque final de colocar um legatto entre eles, dando essa sensação de continuidade entre as notas.
As melodias da música são bem simples mas bem efetivas. Elas trabalham muito bem com a linha de baixo, que é basicamente uma reprodução das tônicas dos acordes. A melodia, como você poder ver abaixo, também está sempre em movimento e ligada, dando sempre continuidade nas notas. Isso eu reforcei principalmente na melodia inicial que abre a música e prepara o ouvinte.
Arranjo e produção!
Antes de mais nada, vale dizer que eu usei o Ableton Live e que algumas funções são nativas do programa.
A bateria foi criada com os meu próprios loops baseados no Loop Masters Deep House, embora normalmente eu use o Drum Machine do Ableton Live. A batida começa logo no inicio da música com um kick, hi hat, alguns samples de hats e um loop percursivo que só está no começo mesmo. Lembrando que em toda a bateria, eu coloquei os efeitos clássicos de reverb, delay, fades, pra dar mais vida e dinâmica.
Nos acordes, eu utilizei o ANA a partir de um preset de House que eu utilizei basicamente em tudo. Desde a base dos acordes, até o baixo, fazendo algumas mudanças nos parâmetros como CutOff, Delay e por aí vai.
No baixo, como todo bom baixo de Future House, eu usei 3 camadas. Uma de baixo meio techno para fazer o grave, um preset do ANA com as frequências que puxam para o médio e uma terceira camada onde eu usei a mesma base de House preset do ANA mais um amp para fazer um bass lead.
Nas melodias eu também usei um delay e reverb do próprio ANA. Além disso eu também trabalhei bastante o CutOff para dar uma sensação de lead mais bem trabalhada. Os arpejos também foram criados a partir do mesmo preset, onde eu os saturei, para manter essa característica super saturada de alguns Future House. Além disso eu também usei um leve reverb para trazer mais vida aos arpejos. Inclusive eu recomendo muito o Sonic Academy ANA como sintetizador para quem quiser comprar, muito completo e funcional!
Para a masterização eu utilizei um rack com os plugins nativos do Ableton: EQ Eight, Glue Compressor, Saturador e Limiter! Minha dica é usar esses plugins de acordo com o seu gosto pessoal.
Você também pode assistir a explicação completa enquanto eu mostro os passos que eu segui para compor a música vendo o vídeo abaixo:
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